18 de jan. de 2017

SÉRIE - REFORMA LUTERANA - CONFISSÃO DE AUGSBURGO

  ARTIGOS SOBRE OS QUAIS HÁ DIVERGÊNCIAS E EM QUE SE RECENSEIAM OS ABUSO QUE FORAM CORRIGIDOS

Visto, pois, que em nossas igrejas, nada se ensina sobre os artigos da fé que seja contrário à Sagrada Escritura ou a igreja cristã universal, havendo apenas corrigido alguns abusos, que, em parte, se introduziram por si mesmo como o correr do tempo, e em parte foram estabelecidos à força, vemo-nos obrigados a recenseá-los e a indicar a razão porque, nestes casos,se admitiu modificações, a fim de que a majestade Imperial possa ver que não se procedeu aqui de maneira não-cristã ou petulante, porém que fomos compelidos a permitir tal modificação pelo mandamento de Deus, que, com justiça, se há de respeitar mais do que qualquer costume.

ARTIGO XXII - DAS DUAS ESPÉCIES DE SACRAMENTO

Aos leigos são dadas entre nós ambas espécies do sacramento, porque é clara ordem e mandamento de Cristo em Mt 26: "Bebei dele todos". Cristo, aí, ordena com palavras claras, a respeito do cálice, que todos bebam dele. E, para que ninguém pudesse questionar essas palavras e glosá-las, como se se referisse somente aos sacerdotes, Paulo, mostra, em 1 Co 11, que toda a assembléia da igreja coríntica usou ambas as espécies. E esse uso continuou por longo tempo na igreja, conforme se pode provar com a história e os escritos dos Pais. Cipriano menciona em muitos lugares que naquele tempo se dava o cálice aos leigos. E São Jerônimo diz que os sacerdotes que administram o sacramento distribuem ao povo o sangue de Cristo. o próprio Papa Gelásio ordena que não se divida o sacramento Distinct. 2. De consecratione cap. Comperimus. Também não se encontra em parte nenhuma um cânone que ordene se receba apenas uma das espécies. E ninguém pode saber quando ou por quem foi introduzido esse costume de receber uma só espécie, ainda que o Cardeal Cusano mencione o tempo em que esse uso teria sido aprovado. Agora, é manifesto que tal costume, introduzido contrariamente ao preceito de Deus, bem como contrariamente aos cânones antigos, é incorreto. Razão porque foi impróprio onerar as consciências daqueles que desejaram fazer uso do santo sacramento de acordo com a instituição de Cristo, e coagi-los a procederem contrariamente à ordenação de Cristo Senhor nosso. E visto ser a divisão do sacramento contrária à instituição de Cristo, omite-se também entre nós a costumeira procissão com o sacramento. (Livro de Concórdia: As Confissões da Igreja Evangélica Luterana. São Leopoldo: Sinodal; Canoas: Ulbra; Porto Alegre: Concórdia, 2006, pg. 40-41).



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